
Bom, a cada mês, tentarei comentar aqui no blog algum livro que eu tenha lido. Será uma forma de, não só, forçar a minha leitura, mas de estimular vcs a esse hábito maravilhoso, que nos transporta para realidades muitas vezes distantes das nossas, fazendo-nos conhecer mundos diferentes, e em outros momentos, penetrar profundamente o nosso coração, para repensar nossas atitudes e nossas posturas frente à vida.
Assim, para começar, considero que não há melhor livro do que
"O PEQUENO PRÍNCIPE" - ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY
Este livro, que parece que foi feio para crianças, é uma leitura propícia para os adultos, pois nos remete ao nosso íntimo, remexendo as entranhas mais profundas do nosso ser, num clamor sutil para que sejamos capazes de nos renovar, valorizando as coisas mais simples da vida, revigorando as energias da criança adormecida que está em nós, que nunca deve morrer.
É certo que, como tudo, essa leitura não é um consenso, mas é recomendada pela grande maioria daqueles que chegaram a ler essa maravilhosa "fábula".
Muitas vezes procuramos a felicidade longe de nós, quando na verdade ela está bem ali, pertinho. Achamos sempre que a vida do outro é melhor, que tem menos problema e não valorizamos as pessoas que estão ao nosso lado.
Entre as diversas mensagens que podemos depreender deste livro, uma me chama mais atenção... é a temática da amizade verdadeira. O amor entre o princípe e a sua rosa, o encontro entre ele e a raposa, toca-me o coração. Saõ mensagens tão lindas que me emocionam toda vez que eu leio o livro, como se fosse a primeira (acho que já o li, no mínimo, por umas 8 vezes e sei que ainda o lerei bastante...rss... não me canso!)
Como o Pequeno Príncipe, muitas vezes precisamos nos afastar ou até perder uma pessoa, para perceber o real valor e importância que ela tem na nossa vida. Ele, quando estava perto da rosa, não percebia o amor que nutria por ela, nem o motivo que a cativara. Foi necessário se afastar e conhecer outras rosas, para que ele se desse conta que a sua rosa era única no mundo, pois foi a ela que ele deu amor, atenção e cuidados... era ela que ele amava e era ela que o olhava de uma forma diferente, jamais sentida. Assim é a amizade e o amor verdadeiro... passamos a enxergar no outro algo de especial, a sentir uma carinho que nos faz querer essas pessoas sempre por perto, pois são elas que dão um colorido ímpar às nossas existências. "Não somos uma ilha"! necessitamos dos outros para crescer.
É esse amor pela rosa que faz o Pequeno Princípe" retornar ao seu reino... é a saudade e a preocupação de tê-la deixado sozinha, é o medo de perdê-la para sempre que o faz retornar... É esse carinho, o prazer de estar perto, o medo de perder, o amor, que nos faz, muitas vezes, voltar "atrás", engolir nosso orgulho e nos deliciar com a presença daqueles que amamos, num sentimento que queremos carregar para sempre. Sim, "TU TE TORNAS ETERNAMENTE RESPONSÁVEL POR AQUILO QUE CATIVAS".
Devemos dar para o outro o melhor de nós e absorver dele algo que nos faça crescer, mesmo que muitas vezes seja através da dor, do sofrimento, do abandono, da tristeza, do desprezo... É, quase sempre esses sentimentos nos ensinam mais do vários abraços, várias palavras... Às vezes é ncessário sentir na pele a dor da perda para repensar muitas atitudes... São os mistérios da vida... que, com o passar do tempo, percebemos que nos levaram para a pessoa certa, no momento oportuno...
Para ter as pessoas que queremos perto de nós, temos que cativá-las. Não é uma tarefa muito fácil... pois para isso é preciso conhecer. Para conhecer é preciso que o outro se deixe penetrar...que não tenha nenhuma amarra, nenhuma repulsa... do contrário, não há como adentrar um coração arredio. Nem sempre conseguimos caticar os amigos ou amores que queremos. É a vida, que majestosamente nos impulsiona para o destino que escolhemos... Muitos passam a vida toda junto a nós e nos ensinam muito pouco; outros, num segundo, sacode-nos de certa maneira que ficamos sem chão e somos obrigados a repensar nosso caminho dali em diante. Alguns saem da nossa vida porque já trocamos o que tínhamos de trocar e não somos mais necessários um ao outro (quando passa do momento da troca para o de sugar energias, é hora de nos afastar)... outros, continuam conosco até o final da nossa passagem aqui, porque são essenciais à nossa existência e ao nosso crescimento espiritual; ainda, outros, não nos dão a menor chance de aproximação (ou nós também não damos)... vai saber a explicação para isso!!! rss... Para alguns, a resposta está em vidas passadas, para outros é coisa de empatia e ponto.
Poderia escrever muito mais sobre este livro, mas prefiro finalizar com o capítulo que vou postar aqui, pois, para mim, a mensagem que podemos tirar dele, fala por si só. Espero que aqueles que não o leram ainda se deliciem com essa estória o qaunto antes e dela possam tirar algo prático para sua vida, como eu tirei. Abaixo, o texto:
"""" A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela á agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar."""
ABRAÇOS A TODOS!
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